Crianças, Cuidado!

Crianças, Cuidado!
Amor de mãe, amor de irmãos

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O PÉ DE IPÊ AMARELO

O Pé de Ipê Amarelo

O pé de ipê amarelo nascido no cerrado sertão 
é um pé de ipê já bem velho enfeitando as matas e as mãos

Enfeitando as matas e as mãos
Esse ipê colorido e florido
Colorido da cor da nação
Esse pé nascido no cerrado

Esse pé nascido no cerrado
Colorido da cor da nação
Esse ipê colorido e florido
enfeitando as matas e as mãos

Também tem o ipezinho roxo que mora que mora na capital
Que mora que mora na capital tem pé de ipê branco lá na catedral
Com pé de ipê branco lá na catedral parece que neva na capital
Se parece que neva na capital ipezinho roxo diz que na leva a mal



https://www.youtube.com/watch?v=o_-HDkP5RHE

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O BEBÊ QUE MAMA

O Bebê que Mama



O bebê que mama
Chama para oração
A mãe que estava pra lá e pra cá em seus afazeres diários não tem saída
Senta pra dar mamá
Senta pra respirar
e, se não tem cadeira, arranja um jeito, senta no chão mesmo, na terra, na grama...

E o mundo continua 
Veloz
girando em torno dela e de seu bebê
Mas a mãe e seu bebê conseguem desacelerar o tempo
Eles se movimentam em outra dimensão

O bebê que mama no seio da mãe
É como um anjo que a protege e a vê
Igualmente a mãe que amamenta seu filho
É como um anjo que o protege e o vê

E como não bastasse o tanto de energia e amor naquele ato
Não é só isso, ou tudo isso
Não é só um saciar de afeto e alimento
Ao sentar para amamentar seu filho
A mãe para
E como é difícil parar nos dias de hoje

Sim, desacelera o tempo e pode dar “pause”, ou “stop”, até mesmo voltar no tempo
Seus pensamentos acalmam
E contempla

O bebê que está com fome no meio da noite
Chama para oração
A mãe, como um monge ou fiel a rezar as orações da madrugada
Todo o santo dia e toda santa noite
Sai do seu aconchego para gerar aconchego
E não só o bebê ganha com isso, mas em especial a mãe que recebe aconchego de Deus

Quão grande é o Amor de Deus
Não é mais um peso, mas um momento sublime e feliz
É vida, é oração
Pois, como diz o ditado, não há céu sem sacrifício

Feliz da mãe que amamenta seu filho e que a todo momento é chamada a oração


Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança a virtude comprovada, a virtude comprovada a esperança. E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. (Rm 5, 3-5)

sexta-feira, 8 de julho de 2016

RELATO DE PARTO NATURAL DOMICILIAR PLANEJADO: CECÍLIA, MINHA PRINCESA, BABY #2

Parto da Cecília

Eu estava numa fila na noite do dia 6 de abril de 2013 sentido contrações tipo “leves”. Era a fila de autógrafos do lançamento de um livro de dança de uma amiga e coreógrafa. Nesse dia, fui prestigiá-la e também receber o meu próprio livro - eu havia feito a trilha sonora do espetáculo carro chefe do livro.  Meu marido foi comigo. João, nosso filho mais velho (um bebê de 1 ano e 2 meses) ficou em casa com minha mãe. Eu não podia mais dirigir. Seria imprudente pois a nossa bebê poderia nascer a qualquer momento. Já estávamos com 40 semanas e 2 dias.

A data (im)provável do parto já tinha passado e ficávamos nos perguntando e apostando: quando será que nossa menina virá? Deve vir antes do irmão (João nasceu com 41 semanas e 5 dias). Pensava que dessa vez eu estaria mais pronta para a chegada de um bebê... segundo filho.... Mas existiam outros medos e ansiedades: “e como será a relação dos irmãos? ”; “e meu primeiro bebê será por mim abandonado? ”. Realmente, João era apenas um bebê que mamava, e muito (sobre amamentação durante a gravidez e amamentação tandem, capítulo à parte).

A fila de autógrafos era grande e eu estava mais ou menos do meio pro final da fila, dessa vez eu cogitei utilizar meus direitos de gestante, e ir para frente da fila. Mas, mesmo com as contrações não o fiz (talvez receio de incomodar ou ser julgada pelo pessoal da fila). Fiquei na fila um bom tempo sentindo as contrações. Me sentia bem fisicamente, estava amparada pelo meu marido e, se as coisas fossem evoluindo mais rapidamente, iríamos para a casa.
Durante a fila encontrava um ou outro conhecido e aquela pergunta: “Quando nasce? ”. E eu respondia: “Está vindo agora”. Eu estava relativamente tranquila. As pessoas, dê certo, achavam que eu estava brincando. Sei que consegui chegar até o destino, receber o livro autografado e ir direto para casa. 
No carro, as contrações foram aumentando. Eu estava feliz, um pouco apreensiva, meu marido mais aflito. Vai nascer no carro? Ele alertou que era uma atitude irresponsável da minha parte comparecer no evento. As parteiras também mencionavam nos encontros anteriores que o melhor, nessa altura do campeonato, era ficar mais “de boa” em casa, não sair para lugares distantes. Eu sabia disso, mas ao mesmo tempo pensava que era um evento que eu gostaria de ir, pois, após o nascimento da bebê, a vida social seria comprometida.

Não que eu ache esse recolhimento ruim, pelo contrário, gosto e necessito de privacidade, tempo, compreensão e respeito no parto e pós-parto. Mas que eu buscava deixar ao máximo “tudo na vida resolvido” (se é que isso existe), incluindo essas saídas antes da bebê nascer. Afinal eu já tinha um filho e sabia o que era o puerpério. E que agora, vivenciaria o puerpério nível 2 - me preparava psicologicamente para ter dois bebês em casa: um que acabara de aprender a andar e outro recém-nascido.

Durante o trajeto para casa ficávamos nos perguntando se seria alarme falso (uns dias atrás eu tinha sentido o mesmo), ou se seria realmente o trabalho de parto. Tinha ainda o fato de ser segundo filho, que muitos diziam que nascia escorregando. Chegamos na garagem, e, não consegui sair do carro. Daniel ficou mais aflito ainda, já se preparando para me carregar. E eu dizia para não me encostar, me deixar lá mesmo. Queria tempo. Tempo para respirar. Era uma contração duradoura, não muito dolorida, mas imobilizadora.
Acho que fiquei lá na garagem uns 15 minutos até me recompor. Eu sabia que não iria nascer no carro. Era apenas um momento. Um momento respirado. Meu marido desceu para a garagem para me auxiliar a subir para casa (eu já havia falado a ele para subir, fazer suas necessidades, qualquer coisa eu ligava). Chegando em casa, nada. Quer dizer, as contrações foram dando um tempo e logo eu estaria pronta para sair novamente. Brincadeiras a parte, dormi esse dia sem ter contrações e passei o dia seguinte do mesmo jeito. Esse vai não vai me deixava confusa. Mas uma coisa era certa, mais cedo ou mais tarde eu teria minha bebê nos meus braços. E eu precisava descansar para o parto e pós-parto.
As 22h do dia 7 de abril as contrações começaram a ritmar. Já estávamos na cama, eu e marido, prontos para dormir. João dormia no quarto dele. Primeiramente não alertei meu marido, fiquei contando, sozinha, as contrações, deitada mesmo. E percebi que eram regulares, tinham a duração e frequência que a parteira mencionou. Então, cutuquei meu marido que dormia: “Daniel, agora vai”. Ele começou a marcar as contrações no aplicativo do celular. Ligamos para as parteiras e para a doula. Ligamos para a fotógrafa (decidimos registrar esse parto com fotos e filme de uma profissional especializada em fotografia de parto). Ligamos para minha mãe. Sua missão seria cuidar do João. O nosso bebezão já dormia, mas se acordasse no meio da noite a vovó iria ampará-lo, dar água, alguma frutinha, colo, amor, pois eu e meu marido estaríamos ocupados com o nascimento de sua irmãzinha.
Minha mãe chegou. Já tínhamos conversado um pouco sobre o assunto: a necessidade de alguém para ficar só por conta do João. E, ninguém mais apropriado que minha mãe. Como era de noite e ele já dormia, pedimos a vovó que dormisse no quarto do João, no colchão ao lado do dele. E com porta fechada. Falei para minha mãe não se preocupar, que estava tudo certo, que a equipe era de nossa confiança. Já havíamos passado por isso, a gestação foi sem problemas, a bebê estava bem, eu também, e tudo iria ocorrer bem, na graça de Deus. As parteiras e doula chegaram. Minha mãe se tranquilizou vendo o material da equipe de parto domiciliar (balão de oxigênio, luvas, etc.). Conversei com ela que o melhor que poderia fazer por nós aquele momento seria rezar. E ela aceitou e foi para o quarto. Que bom, que alívio. Apesar de querer que João participasse do nascimento da irmã, fiquei satisfeita dele estar dormindo naquela hora. Afinal não sabia quanto  tempo duraria esse processo. Fotógrafa chegou.
Era uma casa cheia. Vendo a chegada de todos, fiquei receosa com uma possível falta de privacidade, mas isso não aconteceu. Sobre minha mãe e João? Nem ouvi falar (deviam estar dormindo mesmo). Fotógrafa super discreta, para não falar invisível. Parteira, assistente de parteira e doula compreensivas, e marido do lado. Tudo ok. Ah sim, faltava uma coisa: a piscina para o parto. Ouvi meu marido perguntando sobre a piscina e logo a resposta: “ficou em casa, vim na pressa”... Não lamentei muito afinal a piscina não era tão essencial assim, mas um desejo meu que no parto posterior pude realizar.
Era uma casa de criança: música de criança ligada na TV, brinquedos espalhados pela sala. Me sentia um tanto infantil. Era mãe de um bebê, e, por vezes me tornava mãe meio bebê com meu filho. Logo desliguei tudo (ou pedi para desligar, não lembro ao certo). Sons, luzes cessando para a paz reinar.
Era uma casa que já sabia o que estava por vir. Sabia mais ou menos o que fazer, o que sentir. Era uma casa feita com muito esmero, na rua dos bebês, número 2.
As contrações vinham agora mais fortes e o pensamento: “como é que eu fui me meter aqui novamente? ”. Esqueci da dor. Lembrei do amor. Daí na hora que a dor veio, aí lembrei dela novamente. Uma dor, inexplicável, incomparável. Eu só queria que meu marido sentisse o que eu sentia. Ele estava tranquilo e rindo. Mas, por mais que já tivéssemos passado por aquilo juntos, era eu quem estava sentindo a dor. E, me incomodava um pouco sua forma de agir naquele momento. Não sei se é falta de compreensão minha, mas eu queria um pouco mais de empatia nessa hora. Não é uma hora fácil. Nesse momento eu estava bastante enjoada e irritadiça. As piadas não eram nenhum pouco engraçadas pelo contrário, me faziam mal. Sentia náuseas com cheiros, inclusive do meu marido, coitado. Era muito hormônio envolvido.
Meus seios cheios de leite que eram também do bebê. Do outro bebê. Que outro bebê? O que estava na barriga, ou o que estava dormindo? Que confusão. Desconforto. Meu corpo irreconhecível, transformado por duas gestações muito próximas. E eu me questionava se teria fôlego para tudo isso. Um investimento emocional e corporal muito grande. Eu daria conta de vivenciar isso? Até quando? E não era só viver assim por viver, mas ser feliz. Com duas crianças pra cuidar. Era o medo da maternidade novamente. Com dores e enjôos, Deus em sua infinita misericórdia e amor me alimentava. E assim, eu tinha energias para suportar tudo aquilo.
Fui para o chuveiro na expectativa da bebê nascer lá, como foi com João. Mas não. O chuveiro foi bom para relaxar. Meu marido me acompanhava. Saí do chuveiro busquei relaxar na medida do possível na cama. Como eu queria relaxar, dormir. Pois afinal, era madrugada, eu estava exausta. Queria dizer: falou pessoal, vou dormir. Só que não.
Então fui para a banquetinha de parto. Na hora, olhei para aquele objeto e pensei: “como vou sentar nisso? ” Mas... deu. E, ali, sentindo as contrações nível “mega fortes”; a pressão da bebê que estava prestes a ser expelida; a concentração das parteiras e meu marido; a intercessão dos anjos e de Nossa Senhora; o olhar do Pai, percebi a vinda de Cecília. 

        Mais uma ficha caía na minha vida. Vou ter uma filha, uma menina!!! Que felicidade, que maravilha. Meu mal-estar foi saindo e dando lugar a uma profunda gratidão e admiração. Quão bela é a criação de Deus. Um parto não é uma maldição, ao contrário, uma benção. O nascimento de uma criança não é um problema a ser resolvido, nem um fardo, mas um milagre. Que dia feliz! Que momento bem quisto, e almejado. A cabecinha estava saindo e a parteira falou para eu ir com calma, respirar. Para não machucar.  Esperei a natureza me mover e foi isso que aconteceu. Numa força saiu toda a cabeça, noutra força saiu o corpo por completo.
A parteira amparou Cecília. A entregou em meus braços, eu a segurei e olhei. Que menina linda. Sim, ela era especialmente linda. Uma gracinha. Sem cara de joelho (mãe não tem jeito né?). Ela era perfeita. Dedinhos bonitos, tudo proporcional, tudo no lugar. Um cordão umbilical bonito. Eu pude a observar bastante. Estava totalmente consciente e lúcida. Não tive delírios como no parto do João. Não vi estrelas. Passei na partolândia sim, mas era uma partolândia diferente. Não era a loucura surreal do parto do João, era um lugar mais enjoado e incômodo. Acho que cada parto tem sua partolândia.
Cecília era tranquila. A placenta nasceu em seguida. Logo estávamos na cama. Eu deitadinha, ela mamando. Períneo íntegro. Nossa princesa nasceu as 5h24 do dia 8 de abril de 2016, com  3,650kg.
Joãozinho chegou no quarto no colo do pai para ser apresentado a irmã em seus primeiros instantes de vida. E veio minha mãe e viu a neta pela primeira vez nos primeiros instantes de sua vida. Era um momento de contemplação e silêncio.
Com a sucção do leite, a contração do útero voltando ao lugar. Era uma contração muito intensa. Voltei para um lugar enjoado e dolorido. Recebi acupuntura da doula. Minha mãe fez uma comidinha para mim. Daniel já tinha segurado a bebê, que vestia a mesma roupinha e touquinha de João quando nascera. Que fofo! Revivia o parto do ano anterior, que apesar de diferente também era igual. Quase como um flash back.
Daniel cuidou de João e ambos observavam a nova bebê recém-nascida e a mamãe recém-parida. E mais uma vez eu agradecia ao Senhor, que fez maravilhas em nossas vidas. Um quadro de muito amor. E o amor é algo impressionante que havia se multiplicado na nossa família.

Agora era bola pra frente. Gerenciar, cuidar e amar essas duas criaturinhas que Deus havia me confiado.